O CRISTÃO E O TEMPO – 2ª Parte
“...remindo o tempo, porque os dias são maus.” Efésios 5:16
Meu avô por parte de pai, de quem herdei o nome, e que já partiu para o céu, sofreu um derrame que o deixou com um lado paralisado, fazendo-o passar praticamente todo tempo em cima de uma cama. Como parte do tratamento consistia em exercícios diários, fizemos um aparelho que tinha uma alça que ficava por cima da cama; era só ele estender a mão e fazer as atividades recomendadas pelo fisioterapeuta.
Certo Domingo, quando estávamos todos almoçando em sua casa, meu pai perguntou ao meu avô:
- papai, o senhor já fez o exercício hoje?
- ele respondeu: não meu filho; não tive tempo.
Todos nós rimos, inclusive ele.
Não tive tempo é uma resposta muito comum. Parece haver uma convenção geral onde todos se utilizam e aceitam esse argumento. Mas será que estamos falando a verdade quando dizemos que não temos tempo? Ora, se todos nós temos as mesmas 24 horas, como pode alguém usar o argumento de que não teve tempo? Qual a diferença entre dizer: - não tive tempo de fazer; e - não dá tempo de fazer?
Suponhamos que você receba a tarefa de, saindo de Olinda, ir até Caruaru para entregar uma encomenda, e para que você possa ir e voltar seja lhe dado o prazo de uma hora. Todas as pessoas que têm conhecimento da distância entre essas duas cidades e dos meios de transportes disponíveis, sabem que é impossível cumprir tal prazo. Neste caso você pode dizer: não dá tempo de cumprir essa tarefa. Sua resposta estará baseada em dados concretos e inquestionáveis.
Vamos admitir agora que você receba a mesma tarefa, e para isso seja lhe dado o prazo de uma semana. Findo o prazo você chega e diz: não pude cumprir a tarefa, pois não tive tempo. Você pode apresentar uma lista de coisas importantes que lhe ocuparam toda a semana impossibilitando-o de ir até Caruaru entregar a encomenda, tais como o seu trabalho, o seu estudo, a assistência à família, etc., tudo muito importante e coerente, mas mesmo assim, dizer que não teve tempo não é uma resposta correta. A resposta correta e verdadeira seria: não pude dar prioridade ao seu pedido.
Você pode estar pensado que isso é exagero, e que não seja nada demais dizer que não teve tempo diante de tantas atividades que você teve durante a semana. Façamos então a seguinte pergunta: se naquela mesma semana fosse lhe dada a mesma tarefa, e você tivesse as mesmas obrigações para com o seu trabalho, estudo e família, mas como recompensa fosse lhe oferecido a importância de R$ 20.000,00. Será que você não iria conversar com seu cônjuge, seu professor, seu patrão, para que pudesse se ausentar por algumas horas de suas atividades, pois tinha algo muito importante para fazer?
Que tal você substituir não tive tempo por não pude dar prioridade. Você vai precisar de muita coragem para fazer essa troca, pois a pessoa para quem você disser isso vai ter um impacto e pode se sentir um tanto desconsiderada; mas essa prática irá fazer com que você tome mais cuidado com o uso do seu tempo, e quando você receber um pedido ou uma tarefa, irá procurar encaixa-la em suas prioridades de uma forma mais lógica e coerente, sem a tendência de deixar para última hora.
Evidentemente isso também se aplica para as atividades espirituais. Nunca diga que não teve tempo de ler a Palavra de Deus, de orar, ou de ir a igreja, pois isso não é verdade. Você precisa aprender a dar prioridade para as coisas que realmente são importantes.
Remir o tempo significa tirar o tempo do cativeiro ou do poder alheio. Ou seja, o tempo foi dado por Deus para você, e é você que deve usá-lo de forma produtiva, sem ficar preso por hábitos de uma sociedade consumista.
Que Deus nos ajude a usar o nosso tempo com sabedoria.
PASTOR MÁRIO ALCOFORADO
