NOSSOS COMPROMISSOS FINANCEIROS NA OBRA DO SENHOR
No livro de Hebreus vemos que o autor mostra aos seus leitores que as ordenanças cerimonias do Antigo Testamento, como a circuncisão, construção do tabernáculo, todos os seus utensílios, as festas, os sacrifícios de animais, as ofertas de cerais, dentre outros, eram figuras, sombras do Cordeiro de Deus que viria para nos conceder paz com Deus e a vida eterna, e que foram “impostas até ao tempo oportuno de reforma” (Hb 9;10). Cristo então vem na plenitude do tempo “para resgatar os que estavam sob a lei, a fim de que recebêssemos a adoção de filhos” (Gl 4:5). Uma das ordenanças do Antigo Testamento era a entrega dos dízimos, conforme estabelecido no livro de Levítico 27.30-34. Assim, a pergunta que fazemos é: a ordenança de entrega dos dízimos terminou, como as acima citadas, ou permanece em nossos dias?
Bem, não há nenhum texto no Novo Testamento que afirme explicitamente que nós tenhamos a obrigação de dizimar. As pregações sobre dízimos, via de regra, utilizam o texto do profeta Malaquias (3.6-12); naquela passagem, o profeta exorta o povo a cumprir a lei, conforme estabelecido em Levítico. Mas, façamos mais uma pergunta: qual a finalidade dos dízimos no Antigo Testamento? Os dízimos eram uma expressão de gratidão por tudo que o Senhor fez ao seu povo (Dt 26.1.-11); os dízimos eram para a manutenção dos levitas (Dt 18.1-8; Ne 10.37); a entrega dos dízimos era uma prova de fé em Deus, de que Ele supriria as necessidades do povo (Ml 3.9-12).
As razões presentes no Antigo Testamento permanecem no Novo. Em 2 Co 9.6-7 lemos Paulo afirmando que devemos ser gratos a Deus, contribuindo com alegria, pois Ele suprirá e aumentará o nosso sustento. E em sua primeira carta a Timóteo, o apóstolo diz que o pregador deve ser bem remunerado (1 Tm 5.17). Portanto, podemos afirmar que o NT confirma que devemos contribuir para a manutenção dos serviços prestados pela igreja, tanto no ensino e pregação da Palavra (Mt 10.10; Lc 10.7; 1 Co 9.11), como também na assistência aos necessitados (1 Co 16.1-2).
Assim, do ponto de vista doutrinário, a igreja não pode exigir dez por cento, entretanto está amparada para exigir a contribuição. Surge então mais duas perguntas: com quanto e quando contribuir? Muitos dizem que a resposta a essas perguntas está em 2Co 9.7: “Cada um contribua segundo tiver proposto no coração, não com tristeza ou por necessidade; porque Deus ama a quem dá com alegria”; ou seja: com quanto quiser e somente quando for com alegria. Porém o texto não está dizendo nem numa coisa nem outra. O contexto diz respeito às instruções de Paulo em referência à grande coleta.
Paulo está organizando o levantamento de uma oferta na igreja de Corinto, para ser entregue aos irmãos carentes de Jerusalém, então ele estabelece regras: “Quanto à coleta para os santos, fazei vós também como ordenei às igrejas da Galácia. No primeiro dia da semana, cada um de vós ponha de parte, em casa, conforme a sua prosperidade, e vá juntando, para que se não façam coletas quando eu for” (1Co 16.1-2). Veja que se trata de uma padronização para várias igrejas, eliminando a ideia de que cada um entrega quando quiser, e somente quando for com alegria. O fato de Deus amar quem dá com alegria, não implica dizer que nossas contribuições serão de acordo com a alegria do nosso coração, uma vez que nosso coração é enganoso (Jr 17.9).
Seguindo esse raciocínio, e tendo em vista que devemos trabalhar com planejamento e ordem, as igrejas precisam estabelecer critérios de arrecadação, para que possam cumprir suas obrigações eclesiásticas, sociais e legais.
E com quanto? Quanto você tem proposto em seu coração? O que sobrar? Vejamos o que Jesus diz: “Assentado diante do gazofilácio, observava Jesus como o povo lançava ali o dinheiro. Ora, muitos ricos depositavam grandes quantias. Vindo, porém, uma viúva pobre, depositou duas pequenas moedas correspondentes a um quadrante. E, chamando os seus discípulos, disse-lhes: Em verdade vos digo que esta viúva pobre depositou no gazofilácio mais do que o fizeram todos os ofertantes. Porque todos eles ofertaram do que lhes sobrava; ela, porém, da sua pobreza deu tudo quanto possuía, todo o seu sustento” (Mc 12.41-44). Deus não se agrada de restos, mas de primícias. Como diz um pensamento popular, “Deus não olha quanto você dá, mas com quanto você fica”.
Quando compreendemos que as ordenanças do Antigo Testamento eram sombras da obra de Cristo, e que agora usufruímos da plenitude da Sua obra aqui na terra, qual o motivo que nos levaria a diminuir o percentual de dez por cento? Entendemos ou não que, dizimar ou ofertar é um ato de fé e gratidão?
Há ainda outra coisa a ser observada. A partir do momento em que você aceitou e votou solenemente sustentar a sua Igreja financeiramente, você passa a ser devedor do seu voto (Ec 5.4). Mesmo que você não esteja plenamente convencido da obrigatoriedade de contribuir para sua Igreja, o princípio de cumprir seus votos e de honrar as autoridades superiores, deverá prevalecer (Rm 13.1).
Por fim, há um aspecto moral a ser observado. Você faz parte de uma comunidade organizada, que tem obrigações sociais, trabalhistas e fiscais. Essa comunidade paga conta de energia elétrica e água, ela compra material de limpeza, literatura para educação cristã, dentre outras despesas. Anualmente realizamos uma Assembleia Geral Ordinária, onde todas as despesas do ano anterior, bem como o orçamento para o ano em curso são exaustivamente detalhados e todas as perguntas respondidas. Todos os anos um Conselho Fiscal é nomeado para acompanhar as finanças mensalmente. Ou seja, você faz parte de uma Igreja de cumpre com suas obrigações financeiras e as expõe claramente, sem nada esconder. Então perguntamos: você tem contribuído para que a sua Igreja honre todos os seus compromissos?
Assim, se você tem sido um dizimista fiel, tenha certeza que o Senhor, que tudo vê, irá lhe recompensar (2 Co 9.10). Caso você esteja passando por dificuldades financeiras graves, que estão lhe impedindo de contribuir, saiba que a sua Igreja tem interesse em lhe ajudar no que for possível. Mas se você tem sido um mal administrador, omisso ou irregular em seus compromissos, procure mudar essa situação o quanto antes.
Que o Senhor nos ajude!